terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O QUE DIZIA O CÓRREGO


  Caminhava eu no vale,  quando irrompeu a alvorada, proclamando o mistério de um mundo imortal.
E um córrego que fluia no seu leito
Começou a cantar e dizer:
"A vida está no bem-estar:
Ela é objetivo e labor.
A morte não consiste em morrer:
Morte é a desesperança e a enfermidade.
O sábio não é sábio pelas palavras,
Mas pelo que se oculta nas palvras.
Gloriosos não é aquele que ocupa altas posições:
A gloria pertence aquele que renuncia ao poder.
E o nobre não o é pelos seus antepassssados:
Muitos nobres foram vítimas de seus antepassados.
O oprimido não é aquele que tem as mãos acorrentadas:
Uma corrente pode ser adorno mais lindo
Que um colar.
O paraiso não está nas recompensas recebidas:
No coração sereno, encontra-se o paraíso.
O inferno não é o castigo infligido:
A riqueza não é o dinheiro acumulado:
Muitos indigentes são mais ricos que os ricos.
Ser pobre não é motivo de humilhação:
A fortuna deste mundo é um alimento e uma veste.
A beleza não é o que  refletem os semblantes,
Mas, sim, a luz que ilumina os corações.
A perfeição não pertence ao virtuoso:
A virtude pode manifestar-se em certas trangressões."

Foi isto que disse aquele córrego
Ás rochas que guarnecem suas beiras.
Seriam essas palavras inspiradas
Pelos mistérios daqueles mares?

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